domingo, 23 de março de 2008

Medo...

Acordas. O relógio parou no tempo, logo, tu páras no tempo. Vais a rua e não vês ninguém. Não há carros passar na estrada nem míudos a brincar no jardim. O céu está azul e sem nuvens, o sol está quente tu não tens nenhum chapéu na cabeça. Pensas que podes ficar doente, mas não te importas, algo te diz que essa doença é irrelevante e nunca vais ter necessidade de a tratar. Começas a caminhar pelo passeio até chegares ao teu carro, entras e pões o carro a trabalhar, sintonizas o rádio e por acaso está a dar a tua música favorita. Ao som da voz de Roger Waters aceleras, sentes-te imensamente bem na tua solidão. Ninguem te chateia a cabeça e stás avontade para fazer o que te apetece. Limitas-te a passear... Sais da cidade e chegas a uma pequena aldeia, pensas como se deve viver bem ali, sem o barulho daz buzinas nem o fumo dos escapes.
Não há nada que condicione o que tu queres fazer. Estás apenas tu e a tua consciencia. Ela guia-te pelas ruas em direcção não sabes bem onde.... Apenas te apetece fechar os olhos e sentir o vento no cabelo. Páras o carro ao pé de uma falésia. Vais até ao limite, onde acaba a terra e começa o ar, olhas para baixo e sentes um medo terrível, um medo de cair ou um medo da dor da queda? Um vontade de ficar onde estás ou uma vontade imensa de saltar? Não sabes, na realidade ninguém sabe. Mas não, tu queres saber, não resistes a largar a ignorância que te consome. Olhas, vês, saltas e sentes... Nunca saberias como era se não tivesses saltado. Agora que já sabes estás feliz, durante a queda (ou ascensão) sentes uma felicidade imensa, feliz por não teres resistido, por não te teres resignado a apenas imaginar como seria saltar, por sentires na pele tão fascinante sensação.
Salta, salta sempre. Dá sempre aquele último passo que mete medo, esse medo nunca deve ser maior do que o medo de permanecer na ignorância....


"Sabes uma coisa? Acho que sofrer é muito melhor do que nos escondermos..."

1 comentário:

João disse...

A perspectiva da vida sem abismos, sem quedas e sem emoções realmente fortes (boas e más) é ainda mais assustadora grandalhão! Há que tentar sempre esticar a corda até rebentar, mesmo sabendo que vai dar merda. Vezes e vezes sem conta!

(A verdade é que é muito dificil arranjar coragem para viver sempre no limite.)

Tabajara